Era uma vez um homem que era um sonhador. Ele acreditava, por exemplo, que deveria existir uma maneira de ver as coisas a uma distância de dez mil quilómetros. Ele imaginava que deveria existir uma maneira de comer a sopa com um garfo. Ele pensava que deveria haver uma maneira de as pessoas se aguentarem com a cabeça no chão, e ele estava convencido que deveria de haver uma maneira de viver sem medo.
As pessoas disseram-lhe: "Nenhuma dessas coisas pode ser feita; és um sonhador!", "Tens de abrir os olhos e aceitar a realidade!" e elas disseram: "Há leis da natureza que tu não podes mudar!"
Mas o homem disse: "Eu não sei... deve de existir uma maneira de respirar debaixo de água. E deve de haver uma maneira de dar algo que comer a toda a gente. Deve haver uma maneira para todos aprenderem o que querem. Tem de existir uma maneira de olhar para dentro da tua barriga."
E as pessoas responderam: "Controla-te, essas coisas nunca vão acontecer. Tu não podes simplesmente dizer que queres algo e esperar que isso aconteça. O mundo é como é e pronto!"
Quando a televisão e as máquinas de raio-x foram inventadas, o homem podia ver a uma distância de dez mil quilómetros e podia ver o interior da sua própria barriga. Mas ninguém lhe disse: "Está bem, afinal não estavas tão errado." E também ninguém disse nada depois de alguém ter inventado fatos de mergulho que permitiram as pessoas respirar facilmente debaixo de água. Mas o homem disse para ele mesmo: era o que eu pensava. Talvez um dia ainda seja possível viver sem guerras.
Porque
é que aquele gajo
está a olhar para mim
com ar de desconfiado?
Será que está com medo de mim?
Porque é que ele está com medo?
Será
que pensa que lhe
quero mal?
Porque
é que ele pensa que lhe
quero mal?
Eu não faço mal a ninguém!
Eu
não faço mal a ninguém, desde que
ninguém me faça mal a mim!
Quando
ele pensa que eu lhe quero fazer mal, é
apenas porque ele sabe:
Eu faço mal a toda a gente que
me faz mal a mim.
Então:
Ele quer fazer-me mal!
Então
é melhor se eu me for a ele
e lhe partir a boca antes de
ele me poder fazer mal a mim.
Au!
O punho dele foi mais rápido que o meu.
Agora estou deitado no chão.
Eu já sabia, ele queria fazer-me mal!
Somos
um país pacífico
e não atacamos ninguém.
Só se,
formos atacados por alguém.
Quem
não tiver a intenção,
de nos atacar,
não necessita ter medo de nós.
Os
que se tentam
proteger de nós,
mostram que
têm medo de nós
Quem
tem medo,
comprova a intenção
de nos atacar.
Dois homens estavam enrolados numa grande luta. Um era grande, o outro era gordo, um era pesado, o outro era rijo, um era forte, o outro era selvagem.
O que era forte partiu o nariz do selvagem. E sentiu: ele tem um nariz como o meu.
O selvagem partiu as costelas ao que era forte. E sentiu: estas costelas partem-se tal como as minhas.
O que era forte tirou um olho ao selvagem. E sentiu: aquele olho é macio e delicado como o meu.
O selvagem deu um pontapé no estômago do que era forte. E sentiu: este estômago deforma-se tal como o meu.
O que era forte agarrou a garganta do selvagem e sufocou-o. E sentiu: ele precisa de ar para respirar tal como eu.
O selvagem esmurrou o coração do forte. E sentiu: o seu coração bate tal como o meu.
Quando os dois caíram e não se conseguiram levantar, pensaram: "Ele é exactamente igual a mim."
Mas isso não lhes serviu de muito.
Quando o Senhor Balaban estava a ser recrutado, o sargento explicava: "Bem, hoje vamos praticar o combate homem a homem. Isto vai ser importante para vocês numa situação extrema."
"Ah!", respondia o Senhor Balaban, "Se realmente chegar a haver uma situação extrema, pode indicar-me o meu inimigo? Talvez assim possamos chegar a acordo em paz."
Um homem tinha um escravo. E o escravo tinha de fazer todo o trabalho para ele. Ele lavava-o, penteava-o, cortava-lhe a comida e levava-lhe a comida à boca. O escravo escrevia-lhe as suas cartas, limpava-lhe os sapatos, cosia-lhe as meias, cortava a madeira e aquecia-lhe a salamandra. Quando o homem via framboesas enquanto passeavam, o escravo tinha de as apanhar e de as pôr na sua boca. Para impedir que o escravo fugisse, ele mantinha-o sempre preso a uma corrente. Dia e noite ele tinha de o agarrar e de o arrastar com ele, ou o escravo fugiria. Na outra mão o homem tinha sempre um chicote, porque quando o escravo puxava e sacudia a corrente, ele tinha de lhe mandar chicotadas. Quando os braços do homem já estavam doridos de bater no escravo e este estava exausto, ele amaldiçoava o escravo e as correntes e tudo.
Ás vezes ele sonhava secretamente com os tempos em que ele ainda era novo e ainda não tinha um escravo. Nesses dias ele ainda podia andar livremente pela floresta e apanhar as framboesas sem estar sempre a puxar a corrente. Agora ele nem podia ir à casa de banho sozinho. Primeiro porque o escravo fugiria, e depois quem é que lhe ia limpar o rabo? Ele mesmo não tinha nenhuma mão livre para fazer isso.
Uma vez, quando ele estava a amaldiçoar outra vez, alguém lhe disse: "Bem, se é tão terrível, porque não deixas o teu escravo ser livre?"
"Sim...", disse o homem, "...para ele me poder matar!" Mas secretamente o homem sonha com a liberdade.
E o escravo? Também sonha com a liberdade? Não, ele já desistiu de sonhar com a liberdade há muito tempo. Ele apenas sonha com ele mesmo a ser o patrão, a ter o homem na corrente, a bater-lhe com o chicote e a faze-lo limpar-lhe o rabo. É com isto que ele sonha!
Em um planeta estrangeiro, num tempo
distante, existiam dois países chamados Aqui e Ali. Também tinham
outros países, como a Porta ao Lado e Distante, porem esta estória
é sobre Aqui e Ali.
Um dia, o Todo Poderoso De Aqui fez um
discurso aos seus cidadãos. Ele disse que a nação Aqui estava
sofrendo pressão da nação Ali e que os Aquilienses não
poderiam simplesmente sentar na ociosidade assistindo a nação
Ali ultrapassando as fronteiras para empurrar e confinar a nação
Aqui.
" Eles estão situados tão perto de nós que não
temos mais espaço para respirar", esbravejou ele.
Nós
estamos tão apertados que mal podemos nos mover. Eles não estão
preparados para mover nem um centímetro para nos dar algum espaço a
mais que possa nos garantir um pouco mais de liberdade de movimento.
Se eles não quiserem fazer ao menos esse pequeno gesto por nós,
então, teremos que forçá-los a isso.
Nós não queremos guerra.
Se dependesse de nós, a paz seria eterna. Mas temo que
isso não nos cabe. Se eles não estão preparados para mover um
pouco com o seu país, então eles irão nos forcar a entrar em
guerra. Nós, no entanto, não iremos permitir que eles
nos pressionem para a guerra. Nós não!
Não iremos permitir que
eles nos forcem a sacrificar nossos filhos sem sentido, que nossas
mulheres fiquem viúvas e que nossas crianças fiquem
órfãs! É por isso que precisamos quebrar o poder de Ali antes que
eles nos forcem a começar a guerra. E é por isso, estimados
cidadãos, em ordem para que possamos nos defender, no sentido de
proteger a paz e salvar nossas crianças, Eu declaro formalmente a
guerra com a nação Ali.
Os confusos Aquilienses
primeiro olharam uns aos outros, depois olharam ao Todo Poderoso e em
seguida, olharam para as tropas especiais da policia que ostentavam
capacetes e lasers exterminadores. Eles estavam posicionados em torno
da praça da cidade e aplaudiam entusiasticamente, entoando: "Vida
longa ao Todo Poderoso! Acabem com os De Ali"!
E a guerra
começou.
Naquele mesmo dia, o exército dos De Aqui cruzou a
fronteira. Foi uma visão poderosa.
Os veículos blindados
pareciam dragões de ferro gigantes. Eles esmagavam tudo que aparecia
no caminho. Eles poderiam disparar granadas de seus acanhoes e
destrocar tudo, também poderiam arrojar gases venenosos
para aniquilar a todos. Cada um deixou atrás de si 100 metros
de zona morta.
Em sua frente deslumbrava uma bonita floresta verde
e atrás deles, nada permanecia.
Por onde os aviões voavam
o céu ficava escuro e as pessoas que estavam embaixo caiam com
seus rostos, o barulho enchia a todos de terror e onde as
sombras caiam, também caiam as bombas.
Entre os aviões gigantes
no céu e os veículos blindados na terra, enxames de helicópteros
zumbiam como pequenos e perversos mosquitos. Os soldados, no
entanto pareciam robôs de aço de guerra com seus trajes
blindados, o que os faziam invulneráveis às balas, gás, venenos e
bactérias.
Em suas mãos eles carregavam pesadas armas de
combates individuais que poderiam espalhar cargas mortais ou raios
lasers que derretiam tudo em seus caminhos.
E foi assim que o
imparável exército De Aqui avançava, com a intenção de
esmagar impiedosamente o inimigo. Estranhamente, porém, eles não
encontraram inimigos.
No primeiro dia o exército avançou dez
quilômetros dentro do território inimigo, no segundo dia, vinte. No
terceiro dia eles cruzaram o grande rio. Em todos os lugares eles
encontraram vilas abandonadas, campos a serem colhidos, fábricas
desertas e lojas vazias. "Eles estão escondidos e quando nós
os ultrapassarmos, eles nos atacarão por trás"! Gritou o Todo
Poderoso. "Vasculhem todos os palheiros e todos os montes de
estrume "!
Os soldados revistaram as pilhas de
estrume, mas a única coisa que encontraram nesse processo foram
pilhas de papeis de identificação: carteiras de motorista,
certidões de nascimentos, passaportes, retratos, registros
escolares, recibos de pagamentos de licença para cães e tevê a
cabo e centenas de outros documentos. As fotografias tinham
sido arrancadas dos documentos que exigiam fotos de identificação.
Ninguém foi capaz de explicar o que isso significava.
Um grande
problema encontrado foi relacionado aos sinais de direções nas
estradas. Alguns foram puxados para cima, outros virados para a
direção errada e outros foram repintados. Alguns, no entanto,
estavam corretos porem as tropas não poderiam confiar se
estavam ou não erradas. Os soldados continuavam se perdendo,
companhias inteiras foram incapazes de encontrar seus
caminhos, divisões se perderam e muitos praguejaram contra um
general desertor.
Motoqueiros foram enviados em todas as direções
para que procurassem pelos seus soldados. O Todo Poderoso precisou
convocar topógrafos e professores de geografia para que o país
conquistado pudesse ser corretamente mapeado.
No quarto dia da
campanha os soldados De Aqui pegaram o seu primeiro prisioneiro. Ele
não era um soldado e sim um civil que havia sido encontrado num
bosque carregando um cesto de cogumelos sobre os ombros. O Todo
Poderoso ordenou que o homem fosse levado pessoalmente até ele
para um interrogatório. O prisioneiro disse que o seu nome era John
Smith e que a sua profissão era a de colhedor de cogumelos. Ele
disse que havia perdido a sua identidade e não sabia onde estava o
exército De Ali.
Nos próximos dias, o exército De Aqui prendeu
vários milhares de civis. Todos eles foram chamados de John ou Jane
Smith e nenhum deles tinha quaisquer documentos de identidade. O Todo
Poderoso espumava de raiva.
Finalmente, o exército De Aqui ocupou
a primeira grande cidade. Em todos os lugares poderia se ver soldados
pintando os nomes das ruas nos muros. Eles tinham recebido do serviço
secreto os mapas das cidades.
É claro que, em decorrência
da pressa ocorreram muitos erros e algumas ruas tiveram nomes
diferentes colocados no lado direito da rua, outro no
lado esquerdo, outro no começo e mais um no final.
Companhias
de soldados ficavam constantemente vagando sem rumo pela cidade, na
frente deles, um sargento esbravejando com o mapa da cidade nas
mãos. De um modo geral, nada funcionava na cidade. A companhia de
energia não estava em operação e nem a companhia de gás ou
telefone. Nada funcionava.
O Todo Poderoso imediatamente anunciou
que fazer greve estava proibido e que todos precisavam ir para o
trabalho sem atraso. E as pessoas foram para as fábricas e
escritórios, mas ainda assim, nada funcionava. Quando os soldados
foram aos locais de trabalho e perguntaram, “por que ninguém está
trabalhando aqui"? As pessoas respondiam: "o engenheiro não
está aqui" ou "o responsável técnico não está
aqui" ou, ainda "a Senhora Fulana, a diretora não está
aqui".
Mas como a Senhora Fulana, a diretora poderia ser
encontrada se toda mulher era chamada Jane Smith? O Todo Poderoso
anunciou que iria mandar atirar em todo aquele que não usasse o seu
nome verdadeiro. Então, os De Ali não mais se chamavam Smith e sim
usaram os nomes antigos, mas o que de bom isso poderia trazer?
Quanto mais o exército avançava no país tudo ia ficando mais
difícil. Em breve eles não seriam mais capazes de proporcionar
quaisquer alimentos frescos para os soldados: teriam que trazer tudo
De Aqui. A estrada de ferro não funcionava e os ferroviários ou
estavam parados ou conduziam com negligencia as máquinas de lá pra
cá. Os condutores não conseguiam decidir quem seria o encarregado
de cada trem e naturalmente, todos os chefes que sabiam como as
coisas funcionavam simplesmente desapareceram. Ninguém pode
encontrá-los.
Ninguém fez nada que pudesse machucar os soldados.
Sendo assim, logo, logo eles se tornaram descuidados, caminhando com
os visores de seus capacetes blindados abertos e conversando com a
população. E a população De Ali, que estava escondendo
todos os comestíveis para que o exército não confiscasse, começou
a dividir a pouca comida que tinham com os soldados ou,
trocavam saladas frescas ou bolos caseiros por comida enlatada. Os
soldados tinham bastante comida enlatada e já estavam doentes e
cansados disso.
Quando o Todo Poderoso descobriu sobre isso,
ele se encheu de cólera, quase espumando pela boca, determinou então
uma ordem proibindo os soldados de deixarem seus quarteis, exceto
para fazer as patrulhas com as unidades. Os soldados não gostaram
nem um pouco disso.
Finalmente o exército ocupou a capital De
Ali. Ali porem, tudo parecia como em qualquer outro lugar do país.
Não havia sinais nas ruas, nem números nas casas muito menos os
nomes das famílias nas portas. Não haviam diretores, engenheiros,
chefes técnicos, policiais ou oficiais públicos. As agencias
governamentais estavam vazias e todos os arquivos tinham
desaparecido. Ninguém sabia onde ficava a administração
nacional.
O Todo Poderoso decidiu então que ele finalmente
deveria ser cruel. Ele anunciou que todos os adultos estavam
obrigados a irem para as fábricas e escritórios. Aqueles que
ficassem em casa seriam alvos de disparos.
Então, ele mesmo se
dirigiu para a estação de energia e ordenou que todos os soldados e
oficiais que estivessem em casa e que por ventura tivessem algo a ver
com energia, para que também se dirigissem para lá. Os oficiais
deram ordens, os soldados fizeram a supervisão e os trabalhadores
eletricitários correram de lá pra cá e fizeram exatamente o que os
oficiais lhes ordenaram. É claro que o resultado foi um terrível
caos e não houve eletricidade.
Então, o Todo Poderoso convocou
novamente os oficiais e disse para os trabalhadores da estação
de energia: "Se dentro de meia hora não tiver eletricidade
vocês serão executados!"
Observou-se então, que meia hora
depois já funcionava a eletricidade. O Todo Poderoso então disse,
“Viram seus bundos. Eu apenas precisei pressionar vocês"!. O
Todo Poderoso dirigiu-se então com os seus soldados ate os
trabalhadores de gás e fez exatamente a mesma coisa.
No próximo
dia, no entanto, já não havia mais eletricidade. O Todo Poderoso
ficou furioso e quando ele e suas tropas especiais de execução
marcharam até a estação de eletricidade com o objetivo de liquidar
a todos, a estação estava vazia. Os trabalhadores se misturaram às
demais pessoas que trabalhavam nas outras fábricas e escritórios.
O
Todo Poderoso ordenou então que os soldados reunissem milhares de
pessoas que estavam nas ruas e simplesmente disparassem nelas.
Porém,
como o povo De Ali tinha sido sempre tão engenhoso e amável, sendo
sempre amigável com os soldados, a moral dos soldados estava muito
baixa e nenhum deles estava preparado para simplesmente reunir
milhares de pessoas que nada haviam feito contra eles e matá-los.
O
Todo Poderoso deu ordens então para que as tropas especiais fossem
liquidadas. Os oficiais, no entanto, disseram que os soldados
já estavam infelizes e que poderia ocorrer um motim se milhares de
pessoas fossem assassinadas.
E o Todo Poderoso recebeu milhares de
cartas de pessoas que ocupavam cargos poderosos em seu país e que
diziam: "Alteza Todo Poderoso! O Senhor já provou o seu dom
como marechal de campo e demonstrou a sua genialidade militar e nós
o congratulamos por suas inumeráveis e magníficas vitórias. Mas
agora, nós pedimos que o senhor retorne e que deixe o louco povo De
Ali com os seus próprios dispositivos. Eles estão nos custando
muito. Se tivermos que colocar um soldado com uma submetralhadora
atrás de cada trabalhador e ameaçar de atirar neles, além de
ter um engenheiro para dizer a eles o que fazer, então toda a
conquista não terá valido a pena em nada. Por favor, retorne porque
o nosso amado país já se deprivou muito e por tão longo tempo de
sua brilhante presença.
Então, o Todo Poderoso arrumou seu
exército e ordenou que confiscassem todas as máquinas valiosas ou
objetos caros que pudessem transportar e retornou para casa
praguejando.
“ mas nos fizemos tudo por eles!” ele rosnou.
“Aqueles covardes”. O que esses tolos irão fazer agora? Como
eles irão saber quem é engenheiro, quem é médico, quem é o
cabineiro? Sem certificados ou diplomas! Como eles irão determinar
quem irá viver nas casas e quem irá para os apartamentos, se
eles não podem provar o que pertence a quem? Como eles irão
gerenciar sem os direitos de propriedade, sem registros policiais,
sem carteiras de motoristas, sem títulos ou uniformes? Que confusão
eles vão ter! E tudo isso apenas porque eles não querem guerrear
conosco, aqueles covardes".
Ever since I started writing books for children, I have considered it important to deal with the difficult subject of war and peace in a way that children can understand. It seems to me that it is not enough to tell children that war is terrible and that peace is much nicer. Although even that is a step forward, of course, considering there was once a youth literature that glorified the military and combat action. But most children in our latitudes know that war is something terrible and peace is much nicer. But is peace possible? Or is war an unavoidable destiny that keeps befalling humankind? Doesn’t our history class, as well as the evening news, teach us that war has always existed everywhere in the world and is still with us? A culture of peace, understanding of others, peaceful resolution of conflicts – all of that is well and good: but what if the others do not want to go along?
I cannot imagine how we can banish war from the life of humankind, if we do not search for the causes of war. Only when the cause of a disease is discovered, can a focused and effective method be found to fight it.
It is true that I just skipped all my history classes at university, but at home I have continued my studies of history for myself to this day because, as a writer, the question of what determines people’s actions and thoughts is naturally always on my mind. But of course I cannot claim to have found the philosopher’s stone or that in my stories I could absolutely explain the causes of war. And I also cannot present a complete recipe for the avoidance of future wars. But I want the stories to do more than just give people "food for thought." Writers are always trying to give people something to think about, but at some point, someone is going to have to start thinking. The stories I have collected here are intended to suggest a direction in which a person can continue to think; they are intended to convey a feeling for where and how to search for the causes of war.
Maybe the intentions of the book can best be summed up like this: I try to show how our actions can be interconnected in such a way, that the ones who do not try their best to further their own interests must perish. But that on the other hand by each of us trying to further our own interests we may in fact unintentionally increase the loss or make worse the damage for all of us. And that we cannot escape this dilemma unless we communicate with each other and coordinate our actions. This moral is simple enough, but the hard thing is to really see through the complex ways in which the actions of individuals, groups, nations, states on this planet are interconnected.
I am trying to teach children to begin to recognize that sort of social mechanism, and I think that this is a novel approach in children's literature.
Quando Chegam os soldados, mostra
de forma condensada, o qual já pode ser entendida por crianças muito pequenas, que
conquista e exploração são a essência da guerra, não a diferença de opinião,
raça, cultura ou interesses conflitantes. Argumenta que uma sociedade igualitária
não tem necessidade de conquista, enquanto uma sociedade hierárquica não pode
existir sem conquista. O tema é expandido no Relatório ao Conselho do Sistema
Solar Unido.
A Guerra Estranha apresenta uma forma passiva de resistencia. O tipo de resistencia possivel depende, é claro, dos objetivos dos agressores. Se a intencao dos agressores é a de exterminar a outra nacao, esta forma de resistencia nao poderá ser possivel. Porem, a maioria das guerras sao travadas para subjugar as pessoas, nao para extermina-las.
Em sua propria porta foi originalmente inspirada na situacao de trafico em Beirute. Mas é claro que o transito nas estradas serviu como um exemplo para os emaranhados da sociedade. Se voce pesquisar as palavras " a Paz comeca" em qualquer servico de busca na internet, voce ficara surpreso com o numero de paginas que ira encontrar na forma de "Paz comeca em sua propria porta". Paz comeca com sua alma e assim por diante. Mas, qual é o próximo passo?
O filósofo Sir Karl Popper preveniu sobre as mudancas revolucionárias. Ele advogou sobre a fragmentacao da engenharia social, pequenas mudancas que, aos poucos, vai levar a uma sociedade melhor. Ele argumentou que as experiências sociais em uma escala menor não poderiam causar tantos danos e poderiam mais facilmente serem revertidas se elas não foram bem sucedidas. Há muito a se falar sobre o que ele disse, mas na minha opinião ele parece nao ter reparado : os sistemas sociais tendem a se estabelecer em um equilibiro relativamente estável. Se você colocar uma pequena bola no fundo de uma tigela redonda e empurrá-la um pouco, ela vai se mover um pouco em direcao a borda da bacia e rolar para trás. Se você empurrá-lo um pouco mais forte, irá entao subir um pouco mais alto em direcao a borda e depois rolar para trás novamente. Voce irá precisar de um pouco mais de forca para empurra-la ao longo da borda da tigela. Qualquer forca menor nao irá fazer a menor diferenca.
Tome como exemplo o conselho de uma cidade que gostaria de melhorar uma "área ruim" da mesma. As ruas de lá tem o lixo espalhado e o conselho, decide entao colocar mais lixeiras. Sem sucesso pois quase ninguem as usa.
Por que isso?
Na "área boa" , se voce jogar uma casca de banana na calcada e uma pessoa que o observa fazendo isso irá se aproximar de voce e pedirá para que use a lixeira ou, ele mesmo irá pegar a casca da banana e coloca-la na lixeira. Numa área bonita , uma casca de banana na calcada faz uma grande diferenca. Ainda, todos que vivem numa área agradável, desejam que essa área permaneca agradável.
Numa "área ruim" da cidade uma casca de banana numa calcada nao irá fazer qualquer diferenca.Ainda, se a casca de banana for colocada numa lixeira ainda assim, nao irá fazer a menor diferenca.
Entao, para que se aborrecer? Se voce deseja que as pessoas usem as lixeiras , voce primeiro deverá remover o lixo das ruas, assim colocar a casca da banana na lixeira irá fazer uma grande diferenca. Provavelmente voce tambem devera educar as pessoas uma vez que eles estao acostumados a jogarem os seus lixos nas ruas. eles precisarao chegar a uma especie de concordancia no sentido de que a limpeza das ruas é algo de bom para a saude deles .Ou ainda, em razao da "area ruim" ser provavelmente a área pobre da cidade - eles podem certamente ter maiores problemas em suas maos do que o proprio lixo.
Entao, mesmo que voce queira adotar uma visao fragmentada para se aproximar de mudancas sociais voce deverá encontrar o mínimo de esforço necessário para superar o equilíbrio estável de uma determinada situação.
A má notícia é que as situações onde as pessoas trabalham juntas para um bem comum são geralmente menos estáveis do que situações em que todo mundo defende para si mesmos. Um relaxado descuidado não vai perturbar o equilíbrio da rua "bonita". Mas, se, digamos, 10% ou 20% dos habitantes se descuidam e joguem seus lixos na rua, o resto da população em breve poderá desistir e se descuidar também. Por outro lado, se 10% ou 20% dos habitantes da rua suja começarem a usar as lixeiras que ainda não vai ter um impacto visível e não será capaz de transformá-lo em uma rua limpa, se eles nao tentarem não tente de forma pro ativa convencer os seus vizinhos .
Eu escrevi Justiça para um congresso de livros para criancas , em Israel em 2001. Justiça é um conceito ambíguo , geralmente mal interpretado.
Qual é a justa distribuicão de mercadorias? Dar para todos o que ele ou ela merecem? Ou dar para todos o suficiente para que tenham uma vida decente? Como voce decidira o que alguem merece? Quem decide? E se alguem comete um crime, qual é a punicao justa? O "Olho por olho" ? Deveria um assassino ser assassinado? Podera um estuprador ser estuprado? E a respeito de matanca coletiva? Voce podera apenas matar uma pessoa uma unica vez.
Para os assassinos de meus avos, que foram mortos no Holocausto, nunca poderá haver uma punicao "justa". E para o meu pai, que sobreviveu, nunca podera existir uma compensacao justa. Meu pai nunca buscou justica ou vinganca. O seu objetivo na vida foi o de entender o que aconteceu. como pode ter acontecido e como prevenir que algo similar aconteca no futuro.